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domingo, 31 de março de 2013

FORJANDO A ARMADURA



“Nego-me a me submeter ao medo que me tira a alegria de minha liberdade,
que não me deixa arriscar nada, que me torna pequena e mesquinha,
que me amarra, que não me deixa ser direta e franca, que me persegue,
que ocupa negativamente minha imaginação, que sempre pinta visões sombrias.

No entanto não quero levantar barricadas por medo do medo.
Eu quero viver, e não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero.
Quero pisar firme porque estou seguro e não para encobrir meu medo.
E, quando me calo, quero fazê-lo por amor e não por temer as conseqüências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar.
Não quero filosofar por medo que algo possa atingir-me de perto.
Não quero dobrar-me, só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim:
Por medo de errar, não quero tornar-me inativo.

Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir seguro de novo.
Não quero fazer-me de importante por ter medo de ser ignorado.
Por convicção e amor, quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor.
E quero ser do reino que existe em mim.”

Rudolf Steiner (1861-1925)

domingo, 3 de março de 2013

IV
Adormece o teu corpo com a música da vida. Encanta-te.
Esquece-te.
Tem por volúpia a dispersão.
Não queiras ser tu.
Queira ser a alma infinita de tudo.
Troca o teu curto sonho humano
Pelo sonho imortal.
O único.
Vence a miséria de ter medo.
Troca-te pelo Desconhecido.
Não vês, então, que ele é maior?
Não vês que ele não tem fim?
Não vês que ele és tu mesmo?
Tu que andas esquecido de ti?

~ Cecília Meireles, em “Cânticos”